segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

“Direita não quer pagar imposto e esquerda conter gastos” diz Haddad

 


Um dia após a aprovação no Congresso da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do corte de gastos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse nesta sexta-feira (20) que o desafio da equipe econômica do Governo Lula vai “além da questão ideológica”. Segundo ele, enquanto “a direita não quer pagar imposto”, “a esquerda não quer conter gastos”. Ainda conforme o petista, é necessário “mirar a sustentabilidade das contas”.

Na sexta, o Congresso Nacional promulgou a PEC. A proposta, que gerou discussão mesmo entre a base do presidente Lula (PT), tem a expectativa de economizar R$ 71,9 bilhões em dois anos. Dentre as alterações, estão as regras de concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), do abono salarial, na política de reajuste do salário mínimo e regras com limites para concessão e ampliação de benefícios tributários.

Em café da manhã com jornalistas, Haddad afirmou que o discurso econômico sobre o corte de gastos desagrada a esquerda e a direita. No Congresso, parte dos parlamentares esquerdistas votaram contra o pacote fiscal. “Não vou comentar voto a voto. Estou feliz que nós aprovamos. Está tudo bem. As pessoas se colocam. Não posso impedir que as pessoas se coloquem”, disse, em relação aos posicionamentos contrários ao Governo.

O que nós fazemos é explicar a necessidade, conforme eu disse. Às vezes, quando é para cortar benefício fiscal, a pessoa vota. E às vezes, quando é para regularizar a contenção, o aumento da despesa, a pessoa não vota”, completou.

O QUE MUDA COM A PEC

A aprovação do texto da PEC fez parte do esforço do Governo de tentar controlar o crescimento de despesas obrigatórias, como as de pessoal e programas sociais. O texto aprovado altera o abono salarial do Programa PIS/Pasep, de até um salário mínimo, pago a trabalhadores que ganharam até dois salários mínimos mensais no ano anterior.

A mudança aprovada determina que o valor do abono do PIS/Pasep será corrigido apenas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) a partir de 2026. O salário será pago ao trabalhador que tiver recebido dois salários mínimos do ano-base, 2023, o que equivale a R$ 2.640. O salário de acesso será reduzido até chegar a um salário mínimo e meio, o que, na previsão do governo, deve ocorrer em 2035.

Outro ponto aprovado pelo Congresso diz respeito a alterações nas regras para a exclusão do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Conforme o texto, a categoria de deficiência para o recebimento do benefício seria alterada para casos “moderados” ou “graves”. O líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que Lula irá vetar o trecho sobre a exclusão do BPC para os cadastros desatualizados.

Outra mudança foi nas regras do Fundo de Manutenção da Educação Básica (Fundeb), que financia as redes públicas de ensino, desde o infantil até o ensino médio. O fundo é bancado pela arrecadação dos estados e dos municípios, mas recebe complementação da União quando os entes não atingem o valor mínimo por aluno ao ano. A proposta aprovada limita a até 10% em 2025 os recursos que devem ser destinados às matrículas em tempo integral. Para os anos seguintes, a regra estabeleceu o mínimo de 4% dos recursos do Fundeb. Isso deverá ocorrer até serem atingidas as metas de educação em tempo integral estabelecidas no Plano Nacional de Educação.

Com relação à Desvinculação de Receitas da União, cujo prazo terminaria em 2024, a PEC determina sua prorrogação até 2032, permitindo que o governo flexibilize a execução orçamentária no limite de 20% de todos os tributos federais vinculados por lei a fundos ou despesas.

Via OPINIÃO CE

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