terça-feira, 19 de agosto de 2025

TCE Ceará aponta 'excesso' de cargos temporários em Consórcios de Saúde no Ceará; microrregião de Sobral é citada

 



O Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE) identificou uma série de irregularidades nas contratações de quatro Consórcios de Saúde do Estado, responsáveis pela gestão de policlínicas e Centros de Especialidade Odontológica (CEO). O principal problema é o “excesso” de contratos temporários, com ausência total de servidores efetivos em todos os órgãos fiscalizados.

Segundo o levantamento, realizado com base em dados do exercício de 2024 e divulgado em julho de 2025, os consórcios das microrregiões de Crato, Quixadá, Sobral e o Interfederativo do Vale do Curu (Cisvale) funcionam integralmente com temporários e comissionados. Em alguns casos, há contratos que ultrapassam uma década de duração, descumprindo o limite de dois anos estabelecido pelos próprios estatutos.

“Nunca tínhamos tido uma fiscalização mais ampla para entender, avaliar, conhecer de perto os consórcios”, afirmou Cristiano Goes, diretor de Fiscalização de Atos de Gestão I do TCE Ceará. Ele ressaltou, porém, que a gestão compartilhada de equipamentos de saúde é considerada “um serviço realmente muito efetivo, muito bom, que precisa ser aprimorado”.

Principais achados da fiscalização

Crato: 300 funcionários temporários, apesar de 139 vagas efetivas ociosas;

Quixadá: 109 contratados (104 temporários e 5 comissionados), embora previstos 146 cargos efetivos;

Sobral: 141 temporários em vez de 103 efetivos e 7 comissionados. Alguns contratos datam de 2010, completando 15 anos em 2025;

Cisvale: 163 contratados (157 temporários e 6 comissionados), quando deveria haver 97 efetivos e 8 comissionados. Há 91 trabalhadores mantidos como temporários desde 2012;

O relatório também apontou previsão irregular de cargos em Estatuto — e não no Protocolo de Intenções, como determina a Lei 11.107/2005 —, ausência de critérios claros na nomeação de diretores e casos de acúmulo de vínculos empregatícios, como médicos com até seis cargos públicos.

O que dizem os consórcios

O Consórcio do Crato informou que estuda a realização de concurso público e lembrou que já existe ação civil pública em tramitação sobre o tema.

O Consórcio de Quixadá disse não ter recebido oficialmente o relatório do TCE e afirmou que “a estrutura atual tem permitido a continuidade dos serviços com qualidade”.

O Consórcio de Sobral defendeu que as admissões ocorrem por processo seletivo temporário, com transparência e impessoalidade, e que discute concurso público em grupo de trabalho com o Ministério Público e a Sesa.

O Cisvale reconheceu a necessidade de ajustes e afirmou que já revisa procedimentos para limitar contratos a dois anos.

Governo do Ceará e Ministério Público

A Secretaria de Saúde (Sesa) destacou que os consórcios têm autonomia administrativa e financeira, mas confirmou a criação de um grupo de trabalho conjunto com o Ministério Público do Ceará (MPCE).

Para a promotora de justiça Karine Leopércio, coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Saúde (Caosaúde) do MPCE, o regime de pessoal é uma das principais ilegalidades a serem corrigidas. “A grande maioria dos recursos humanos não é provida mediante concurso. E a gente entende que isso é uma ilegalidade que precisa ser combatida”, afirmou.

Segundo a promotora, novas reuniões estão previstas para novembro, quando Governo e consórcios deverão apresentar propostas para substituir os temporários por concursados.

Fonte: Balada IN

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