quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

O futuro da oposição no Ceará depende de uma única palavra: unidade

 


O núcleo duro do bolsonarismo decidiu que, daqui pra frente, qualquer movimento político será combinado em conjunto, ouvindo tanto o diretório nacional do PL quanto as lideranças estaduais. A lógica é simples: ninguém se move sem alinhamento direto com Jair Bolsonaro e com os nomes que fazem a ponte com a base nas ruas.

O atrito recente entre Michelle Bolsonaro e André Fernandes deixou claro duas coisas:


1. Ambos reconhecem que não dá para atropelar Bolsonaro nas decisões.

 

2. Eles sabem que precisam caminhar juntos para manter vivo o projeto maior da direita conservadora.

E, nesse projeto, o objetivo número um é derrotar o PT, tanto nacionalmente quanto no Ceará. A direita quer apresentar um bloco capaz de aglutinar qualquer sigla que tenha como prioridade quebrar a hegemonia petista.

No Ceará, porém, o jogo está mais embaralhado. O avanço de Ciro Gomes para o PSDB bagunçou o tabuleiro. Ele já vinha conversando nos bastidores com PL e União Brasil e, agora, precisará reorganizar essas alianças caso queira viabilizar sua candidatura ao governo em 2026.

André Fernandes tem consciência do cenário: para derrotar o PT no Ceará, precisa de uma candidatura única da oposição, não apenas da direita conservadora, mas também de partidos que já se cansaram de negociar com os petistas. E esse alinhamento depende de convencer a família Bolsonaro a não agir de forma impulsiva, como aconteceu quando Michelle declarou apoio antecipado a Eduardo Girão, gerando ruído na direita e travando articulações tanto com Ciro quanto com o próprio Girão.

Fernandes também sabe que o PL não vence sozinho. Se insistir em lançar ou apoiar um nome isolado, abre espaço para uma “terceira via” forte, possivelmente Ciro Gomes, com apoio de União Brasil, Cidadania, e outros. Isso dividiria o campo opositor e empurraria o PT com vantagem para o segundo turno.

Os números reforçam essa preocupação. Pesquisa Real Time Big Data divulgada em setembro mostrou um cenário de empate técnico entre Ciro e Elmano; Girão apareceu isolado em terceiro com 14%. Num eventual segundo turno entre o tucano e o petista, Ciro venceria por 43% a 42%, uma disputa apertada.

Nos índices de rejeição, Girão lidera com 46%, seguido por Capitão Wagner, Elmano (36%) e Ciro (30%).

Esses indicadores mostram que o eleitor cearense está tentando fugir da polarização PT x Bolsonaro e começa a olhar para alternativas que representem desenvolvimento e enfrentamento ao crime organizado.

Se o PL optar por apoiar Girão, um nome com rejeição alta, desempenho fraco na pesquisa e estrutura partidária limitada, corre o risco de carregar a campanha sozinho, dando palco a um candidato que não empolga. E, ao mesmo tempo, assistiria Ciro crescer com o apoio de partidos médios e grandes.

A “pausa” anunciada por André Fernandes nas conversas com Ciro é apenas um movimento tático: ele espera o aval da família Bolsonaro, já que as decisões agora precisam ser conjuntas. Mas o PL precisa decidir se quer priorizar a queda do PT ou se vai ficar refém da obrigação de apoiar somente nomes identificados como “bolsonarismo raiz”.

Enquanto isso, Ciro Gomes segue quieto. Faz sentido: ainda não é candidato oficialmente, só o mais cotado. Agora, tudo depende de um gesto da oposição. Ou se unem em torno de um nome viável, ou passam mais um ciclo assistindo à hegemonia petista se estender no Ceará.

Opinião de Diney Oliveira - PONTO DE VISTA


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